Este ano a JJM apresenta a temática “Jovens missionários, com a força do Espírito, testemunhas de Cristo”. Este tema está conectado com a caminhada das Obras Missionárias nas Américas, e ao 6º Congresso Americano Missionário (CAM), que acontecerá em novembro deste ano, em Porto Rico
A realidade das comunidades impactadas pela mineração e o acompanhamento pastoral das Igrejas a esses contextos será tema da live que acorrerá na sexta-feira, 26 de abril, às 19h30. Na ocasião, a Comissão Especial para Ecologia Integral e Mineração da CNBB apresentará o Atlas Igrejas em Cuidado da Casa Comum. A live será transmitida nas redes sociais da CNBB

ARTIGOS DOS BISPOS

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

 

Os cidadãos e, especialmente, os cristãos devem olhar a realidade sociopolítica para buscar formas de torná-la mais justa e solidária. Não se pode correr os riscos da acomodação ou do conformismo, nem se deixar aprisionar com uma leitura da realidade estreitada por perspectiva política – considerando suficiente apenas o que pensam ou fazem seus correligionários. Os cristãos, principalmente, são chamados a contribuir efetivamente com a política, lembrando que existe um amálgama entre a cidadania civil e a condição humana de cidadão do Reino de Deus. Isto significa compreender o que a Igreja classicamente ensina: aqui é morada passageira, sem “cidade permanente”, pois todos estão a caminho daquela realidade que está por vir. A iluminação para alcançar esse entendimento é abundante neste tempo pascal, possibilitando, a cada pessoa que crê em Jesus, reconhecer que a Igreja tem missão importante e indispensável na sociedade, em diálogo e cooperação com outros segmentos e instituições: defender a vida, manifestada em cada ser humano e no conjunto da Criação.  

Na busca pela defesa e promoção da vida, o diálogo é instrumento indispensável, com propriedades que permitem evitar as rupturas nos processos de reconstrução do que é essencial à sociedade. Não podem ser esquecidos os danos que as polarizações e os falatórios inconsequentes causaram ao atual momento da história, tão marcado por complexidades que exigem novas posturas, compreensões e atitudes.  As lições do passado recente devem inspirar a promoção de diálogos e de entendimentos essenciais à consolidação de avanços e conquistas. No entanto, percebe-se que há descompassos na dimensão relacional que rege a vida em sociedade quando há necessidade de instar poderes da República a viver o que reza a Constituição Federal. O cumprimento do que está inscrito na Constituição é dever irrenunciável que não pode ser desconsiderado por populismos, nem manipulado por meio do uso de jargões. Ao invés disso, pede-se mais clarividência na definição de prioridades, para que sejam desenvolvidos projetos e ações capazes de mudar cenários, ajudando a superar, especialmente, a vergonhosa desigualdade social.  

O diálogo é caminho para superar o ódio e a lógica simplista, perversa, que separa o mundo entre vencidos e vencedores. Para promovê-lo, líderes devem superar lógicas e critérios embalados nos leitos de seus subjetivismos. São as lógicas e os critérios nascidos de subjetivismos que levam a diferentes guerras, com irracionais consequências, a exemplo dos gastos com a disputa armamentista. Ainda sobre este tempo de tantos conflitos, a sociedade brasileira não pode se considerar satisfeita, acreditar que vive um momento de harmonia, pois ainda convive com polarizações, com as ameaças do narcotráfico, das milícias e de tantas outras manifestações da violência. As instâncias e instituições governamentais, as instituições civis e religiosas da sociedade brasileira devem avançar no desenvolvimento de reflexões e debates, aproveitando que há, no atual contexto, certa propensão aos diálogos. E o diálogo deve ser um compromisso que não pode ser limitado à simples promoção daquelas visitas de cortesia, que sempre terminam com “tapinhas nas costas”. Devem ser buscadas, efetivamente, conquistas urgentes para o tecido social, especialmente as destinadas a ajudar os mais pobres.  

Olhar a realidade exige uma indispensável atitude crítica, distante de uma consideração acomodada, ou que contemple simplesmente os próprios interesses. Pede também uma rejeição a justificativas convenientes para a adoção de procedimentos que são inadequados ou insuficientes. Ao contrário disso, o momento atual pede uma atitude profética capaz de interpelar, dentre outros líderes, aqueles que são mais diretamente responsáveis pelos extremos climáticos que ameaçam a vida no planeta. E não bastam alguns poucos avanços, apresentados a partir de números, mas sem alcance suficiente para serem traduzidos de modo qualitativo. É preciso confrontar a ganância que pesa, principalmente, sobre os ombros dos mais pobres. Para isso, o desrespeito aos vulneráveis deve provocar um incômodo generalizado, inspirando, principalmente, questionamentos dirigidos a quem está no exercício de mandatos, no desempenho de funções públicas. Sejam, pois, aproveitadas as oportunidades para dialogar com os representantes do povo nas diferentes instâncias dos poderes, uma efetiva vivência da democracia em defesa de causas prioritárias – contemplando a promoção dos direitos das populações indígenas, a proteção da Amazônia e de tantos outros biomas, dentre outras questões candentes da ordem social.  

No reconhecimento de prioridades, a partir do olhar dirigido à realidade, é que se pode viver uma adequada campanha eleitoral, fazendo valer a “política melhor”, bem definida pelo Papa Francisco na Carta Encíclica Fratelli Tutti. Torna-se cada vez mais necessário encontrar novos modelos de ação política, bem diferentes do que se verifica no atual quadro partidário, bastante “viciado”. Modelos caracterizados pela coragem de questionar situações cristalizadas que perpetuam injustiças. E as comunidades cristãs têm especial responsabilidade na tarefa de efetivar esses novos modelos, promovendo a cultura do encontro, que ajuda a sociedade a tornar-se mais justa e fraterna. Olhar a realidade não pode ser exercício que leve a uma simples constatação, nem somente a indicações insossas. Ao olhar para a realidade, é preciso posicionar-se a partir da força da Palavra de Deus, que exige pactos efetivos pela vida, capazes de desacomodar o coração humano diante de situações de injustiça, inspirando mudanças necessárias, a partir de muito trabalho e adequadas atitudes. 

 

 

Dom Leomar Antônio Brustolin  
Arcebispo de Santa Maria (RS)

 

 

Constata-se hoje a passagem de uma única moral objetiva para as muitas opções éticas. Isso leva a um niilismo, no qual o ser humano caminha sem muitas balizas, tudo é livre e permitido e acaba-se vivendo o dia a dia sem um grande ideal ou meta para a existência. O mundo se tornou um mar aberto. O que vale é o acontecimento e não a realização de um projeto. Trata-se de uma ética que não prevê nada de seguro, estável e fixo. Não há terra firme, apenas o mar aberto.  

A ética que deriva dessa situação é uma ética que dissolve certezas e se configura como ética do passageiro, do viajante, que não apela à lei, ao direito ou à norma, mas à experiência. O humano desterritorializado tem referências pontuais e recorre mais à história do que à natureza.  

Assim, o ser humano sem saber o que fazer ou não fazer, perde o sentido último de seu trabalho, do seu sofrer, do seu festejar e até de ser livre. A liberdade fica reduzida à espontaneidade. A consciência não indica mais um juízo especulativo sobre a moralidade das ações, mas um julgamento sobre a sinceridade do momento a respeito da vontade de cada ser humano.  

Nessa falta de ética, percebe-se um terrível vazio interior, uma perda generalizada da esperança e de sentido, o obscurecimento da inteligência e uma enorme carência de espiritualidade que pautaram, por exemplo, a construção da cultura ocidental.  

Sem viver aguardando uma vida plena e eterna, o horizonte da esperança fica reduzido ao horizonte da expectativa. Consequentemente o mistério da presença do mal no mundo dispensa o sentido de pecado e reduz-se a uma experiência instintiva de agressividade e erro. Há uma mundanização do eterno e o tempo é considerado um recipiente vazio a ser preenchido de fatos, eventos e pessoas sem uma orientação ou um desígnio.  

Tudo fica restrito a obter o melhor da vida terrena, quando aparece a enfermidade, o envelhecimento e a morte, cada ser humano deverá lidar solitariamente essa experiência sem referenciais capazes de lhe dar sentido e discernimento sobre a existência.  

Para vencer essa horizontalidade da ética de quem não sabe para onde vai, é preciso trabalhar pela ética de quem tem uma meta para caminhar. Enfim, o ser humano nasceu para olhar para o alto, é peregrino do céu com os pés bem firmes sobre a terra.  O humano não nasceu para olhar somente ao redor. O animal olha para a terra e ao redor, o ser humano olha para o céu e o além. O olho do corpo vê coisas e objetos, capta as coisas visíveis. O olhar vertical olha para a eternidade escondida atrás das mesmas coisas e dos mesmos objetos. Um único olhar sobre a terra é insuficiente para esgotar toda a capacidade da força do olhar humano.  

 

Dom Jailton de Oliveira Lino
Bispo de Teixeira de Freitas/Caravelas (BA)

 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, 

Na passagem de João 10,11-18, somos convidados a contemplar a figura do Bom Pastor, uma imagem que transcende o tempo e o espaço, e que se faz cada vez mais necessária em nosso contexto atual. Jesus, o Bom Pastor, não é um líder distante ou inacessível; Ele é aquele que caminha conosco, que conhece nossas lutas e aspirações, e que está disposto a dar a própria vida por nós. 

A Igreja em Saída: Respondendo ao Chamado do Bom Pastor 

O Papa Francisco nos chama a ser uma “Igreja em saída”, uma igreja que não se contenta em permanecer dentro de suas próprias estruturas, mas que se aventura para fora, ao encontro daqueles que estão à margem. Este é o coração do pastoreio: ir além, buscar as ovelhas que se perderam, e oferecer-lhes um caminho de volta ao rebanho. 

O Pastoreio em um Novo Tempo: Desafios e Oportunidades 

Vivemos em uma era de rápidas mudanças, onde as certezas de ontem já não se aplicam mais. Como pastores deste novo tempo, somos desafiados a encontrar novas formas de comunicar a mensagem eterna do Evangelho. Isso requer de nós uma escuta atenta, uma disposição para aprender e crescer, e uma humildade para reconhecer que o Espírito Santo está sempre nos guiando a verdades mais profundas. 

Conhecendo as Ovelhas: A Importância do Relacionamento Pessoal 

Jesus conhece suas ovelhas, e elas O conhecem. Este relacionamento pessoal é fundamental para o pastoreio eficaz. Não podemos nos contentar em conhecer apenas os nomes ou os rostos; devemos conhecer as histórias, os sonhos e as dores daqueles a quem servimos. Isso significa estar presente, ser acessível, e acima de tudo, ser um ouvinte compassivo. 

Unindo o Rebanho: A Missão de Construir Pontes 

O Bom Pastor nos fala de um único rebanho e um único pastor. Em um mundo marcado pela divisão e pelo isolamento, nossa missão é construir pontes, unir as pessoas em uma comunidade de fé e amor. Isso envolve superar barreiras, sejam elas culturais, sociais ou teológicas, e encontrar o terreno comum que todos compartilhamos como filhos e filhas de Deus. 

Dando a Vida: O Sacrifício e o Serviço 

Dar a vida pelas ovelhas pode assumir muitas formas. Para alguns, pode significar o sacrifício final, o martírio. Para outros, pode ser um sacrifício diário de tempo, conforto e recursos pessoais. O que importa é a disposição de colocar as necessidades dos outros acima das nossas, de servir em vez de ser servido. 

Vivendo o Evangelho do Bom Pastor 

Que possamos, inspirados pela figura do Bom Pastor, viver o Evangelho com coragem e amor. Que possamos ser verdadeiros pastores para o povo de Deus, guiando-os com sabedoria, cuidando deles com compaixão, e acima de tudo, levando-os a uma relação mais profunda com o nosso Senhor Jesus Cristo. 

Que a paz do Bom Pastor esteja sempre conosco, e que Seu exemplo ilumine nosso caminho enquanto buscamos ser uma igreja viva, dinâmica e missionária. 

Em Cristo, 

 

 

 

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