Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

 

Para amar a Igreja de Cristo é preciso aprofundar a compreensão do discipulado. Embora, para alguns, o projeto inclusivo fira a unidade da Igreja, e por isso mesmo reservam o discipulado para poucos, entretanto, a ideia da comunidade, desde o princípio, foi sempre de aumentar o número dos discípulos e abarcar, por fim, o mundo inteiro. São Paulo compreendeu a questão e gritou aos seus: “me fiz tudo por todos”.  

A questão agora é a seguinte: o discipulado é para todos ou apenas para alguns? 

Esta questão não é um dilema, pois a noção inicial de cristianismo era aumentar a família de Deus, razão pela qual a representação das doze tribos territoriais não servia mais. Ela foi reestruturada e reconstituída sobre os apóstolos, com a perspectiva e a previsão de se alargar cada vez mais. 

A conclusão dos Evangelhos pascais indica sempre o mandato de ir pelo mundo e converter a todos. A experiência do ressuscitado é de alargamento da tenda. 

Em cada tempo, a mensagem do Ressuscitado abarca a vida presente, pois o Senhor institui um discipulado que nunca pesa nem cansa. Ao contrário, o discipulado levita o coração pesado e conserta as vidas quebradas. O peso não pertence ao discipulado de Cristo. 

Pelo mundo afora a missão se estende e é um mandato concreto. A missão tem uma finalidade: converter muitos para Cristo. A conversão não é violência, mas correção de caminhos para confluir no único caminho que faz sentido, Cristo. De fato, só quem pode unificar a vida faz sentido para ela. 

O discipulado é a própria vida, não uma reflexão sobre a vida! Como tal ele se desdobra no seguimento do caminho e da verdade, pois, para a vida só a vida faz sentido. 

Portanto, o caminho aberto diante dos seguidores de Cristo é a existência própria do discípulo que se desdobra em anúncio, testemunho, esperança, caridade e fé. 

Por não ser um conceito, a vida é uma experiência que se representa melhor como a viagem que fazemos por este mundo. 

Enquanto viajamos e perambulamos, conversamos e contamos histórias sobre o Reino de Deus, e, à medida que o caminhar avança, o discípulo é surpreendido pela vida que testemunha o milagre e a irrupção do impossível na história, chegando a compreender, por fim, que a viagem é do Espírito Santo. 

O Espírito Santo, agora, rasga o céu do Oeste ao Leste do mundo e subverte a finitude da inteligência e a limitação das forças. 

Depois de dias cansativos e infrutíferos na pesca e na seara do Senhor, para oferecer algo que lhe seja agradável, o discípulo se maravilha ao descobrir que o Senhor já o precedeu, caminhou à sua frente e já tem uma mesa pronta  

Desse modo, a vida se faz mais vida e se desvela naquilo que não cabe mais em si mesmo, e ainda assim é real! 

 

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