“Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12)

Dom Adimir Antonio Mazali
Bispo de Erexim (RS) 

 

 

“Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12)

Minha saudação a todos os irmãos e irmãs que acompanham a Voz da Diocese. A Liturgia da Palavra deste domingo, o 6º Domingo da Páscoa, nos apresenta Jesus na Última Ceia com os seus discípulos. Dentre os inúmeros ensinamentos que Jesus deixou para eles, um é especial, o Mandamento do Amor. Por isso, ela nos convida a contemplar o amor de Deus revelado na Pessoa, nos gestos e nas palavras de Jesus e atualizado na vida e nas ações dos seus seguidores.  

Prezados irmãos e irmãs. As palavras de Jesus aos discípulos revelam sua vida e ministério. Tudo o que Jesus fez foi amar. Seu amor significou a doação de sua vida pela vida, dignidade e salvação de todas as pessoas. Por isso, o apelo de Jesus aos discípulos: “Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos de meu Pai e permaneço em seu amor. Eu vos digo isso para a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena” (Jo 15,9-12). O apelo de Jesus é para que permaneçam unidos a Ele e a seu projeto, ou seja, que permaneçam em seu amor, da mesma forma como ele os amou. Para Jesus, é somente o amor, a doação da vida, que traz alegria plena a uma pessoa. Por isso, permanecer no amor de Jesus é assumir sua prática libertadora, gerando o bem a todas as pessoas. Deus está conosco quando nosso amor se traduz em obras que refletem o projeto do Reino.  

Para Jesus, o fundamento da missão dos discípulos é o amor. Assim, Jesus insiste fortemente no amor: “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15,12). Jesus apresenta-se como a medida do amor a ser vivido entre as pessoas, entre nós. E a forma deste amor é a doação da vida. Jesus afirmou fortemente: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Vê-se, portanto, que o modo de ser e de agir de Jesus torna-se quadro de referência para o agir cristão, para a ação de todas as pessoas. Todo aquele que gasta sua vida em favor do projeto do Reino, como fez Jesus, alcança o grau máximo do amor. Aqui está a prova de quando o amor é verdadeiro ou não. É verdadeiro todo amor capaz de dar a vida.  

Caros irmãos e irmãs. A Primeira Carta de João, texto da Segunda Leitura deste domingo, faz um apelo ao amor fraterno: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus, pois Deus é Amor. Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele” (1Jo 4,7).  

Pedro, no seu discurso, segundo os Atos dos Apóstolos, ressalta que o amor de Deus não discrimina, não exclui ninguém da possibilidade da salvação. Ele diz que “Deus não faz distinção entre as pessoas. Ele aceita quem o teme, isto é, quem o ama e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,4-5). Em Cristo ressuscitado, todos têm acesso à salvação de Deus. O caminho a percorrer é a prática do amor e da justiça, como ele mesmo viveu e ensinou.  

Concluímos, portanto, que o amor é dom e missão. O Ressuscitado nos confia a missão de repartir e de multiplicar seu amor, para que nossa alegria seja completa. A Boa-Nova do Reino de Deus anunciado por Jesus é proposta aberta a todas as pessoas, independentemente de raça ou nação. Todos nós somos convidados a “amar-nos uns aos outros”, pois “Deus é Amor” (1Jo, 4,8)! 

Deus abençoe a todos e bom domingo. 

 

 

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